As quatro estações minhas



Os sete meses me bastaram. Eu que deveria ser fruto do verão, floresci na primavera austral, como um girassol; e como um girassol que germina eu nasci muito pequeno e frágil; e como na primavera, a cada dia que passa, o dia aumenta e a noite vai encurtando pouco a pouco, fui aumentando de peso e tamanho como a insolação no hemisfério; e assim como os oceanos meridionais que estão ainda frios na primavera, das temperaturas amenas fui me aquecendo aos poucos; e fui sendo iluminado, como o céu, iniciando pelas manhãs primaveris até as tardes de verão; e no verão os dias foram mais longos, mais brilhantes, mais quentes, como a minha disposição que crescia e parecia infinda; mas vieram grandes chuvas e tempestades e, a seguir, as temperaturas começaram a cair;  o amarelo-girassol foi se tornando a cor dominante, ainda fascinante mas indicando que em breve chegará o inverno, com os raios solares incindindo mais perpendiculares e onde as noites serão maiores que os dias, até que a caverna seja a última guarida.