A Casa da Serra
Desde Peter Drucker e Daniel Bell, passando por Richard Wurmann, chegando a Bill Gates e Linus Torvalds há pelo menos 30 anos já se preconizava a presente Era da Informação. De fato, nesse instante mesmo é tangível, em amplos sentidos, a vivência dessa Era. Monopólios desvirtuadores das informações vão se esfacelando num ‘efeito dominó’ que perdurará até o último deles fechar as portas. Até porque hoje dentre os fenômenos publicáveis, mais importante que porta é o portal. Porém, assim como a ‘fábula do Sapo Fervido’, tão degustada por administradores de revistas e jornais nos anos 80 do século passado, cada um desses administradores é agora um ‘Sapo Fervido’. Interessante notar, entretanto, que mesmo um ou outro ‘Sapo’ que poderia sentir a fervura mirando não de per si, mas observando os outros já ferventes, poderia dar um salto no sobressalto do olhar, mas qual o quê... se deixam ‘estourar’ por não quererem enxergar. A ‘realidade virtual’ vai se demonstrando mais real que a realidade, o que poderia ser um paradoxo, mas não é. Ferramentas da Web 2.00 vão se integrando numa massa crítica crescente geometricamente a cada dia e já não dá para tapar mais o Sol com a peneira, peneira essa construída pouco a pouco, um buraco ali, outra cá e já se vê como numa janela quem o quer. Mas há mais de dois mil anos foi dito, entre outras coisas, primeiro num exórdio que ‘o pior cego é aquele que não quer ver’ e depois, numa profecia ‘não há coisa encoberta que não haja de manifestar-se, nem coisa secreta que não haja de saber-se e vir à luz’. Recebi de um amigo um livro que desconhecia, que me pareceu muito interessante, até porque veio acompanhado de um bilhete: “Advinhe quem foi o professor da USP que muito provavelmente entregava a ficha de alunos da Universidade aos órgãos de repressão no tempo da malDitadura, fez auto-exílio por um tempo e foi proclamado como ‘intelligentsia’ pela mídia brasileira? Está também nesse livro aí a resposta”. Intrigado, fui pesquisar a respeito do livro, mesmo porque, confesso, desconhecia-o. Como foi lançado há um ano mais ou menos, procurei na Internet alguma resenha ou algo semelhante. Interessante que dentre os ‘links’ muitos destacavam coisas que sequer haviam passado pelo meu pensamento. Desses destaco dois: um do Correio do Brasil (http://correiodobrasil.com.br/fhc-fundacao-ford-e-dolares-da-cia/131810/) e outro do blog de arte e cultura Palavras, Todas Palavras, que repercutiam a mesma coisa acerca do livro que ganhara. O livro em questão, como o mais curioso já percebeu através dos links citados, dá conta de relações históricas do professor que meu amigo citou no bilhete e tem o título ‘Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura”, de autoria da jornalista e historiadora inglesa Frances Stonor Saunders, publicado no Brasil pela Editora Record. Trechos destacados de comentários do conhecido jornalista Sebastião Nery: Dinheiro da CIA para o Professor “Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap”. Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro “Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível”, da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O “inverno do ano de 1969″ era fevereiro de 69 (inverno no hemisfério Norte). Fundação Ford Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos. E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares. Agente da CIA Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro “Dependência e desenvolvimento na América Latina”, em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos. Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma “personalidade internacional” e passou a dar “aulas” e fazer “conferências” em universidades norte-americanas e européias. Era “um homem da Fundação Ford”. E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA. Milhões de dólares 1 – “A Fundação Farfield era uma fundação da CIA… As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos… permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas” (pág. 153). 2 – “O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça…” (pág. 152). “A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria” (pág. 443). 3 – “A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares… Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos… com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos” (pág. 147). FHC facinho 4 – “Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante” (pág. 123). 5 – “Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil” (pág. 119). 6 – “A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana” (pág. 45). Fernando Henrique foi facinho. Nessa Era da Informação, compreendo agora, muito mais do que desconfiava, muita coisa ‘mesmo’, coisas do coiso, meandros da Casa da Serra, através de uma simples navegação pela Rede Mundial, e com certeza vou ler com mais afinco o livro que ganhei. Revendo as 'tendências já determinadas' da Era da Informação (ou Era Digital) - , pude constatar cada ponto: 1) O aprendizado contínuo se torna imprescindível; 2) É preciso especializar-se, unindo conhecimento teórico ao pragmatismo; 3) As empresas devem esquecer a premissa de conquistar resultados com baixos salários; 4) A vantagem hoje está na boa aplicação do conhecimento; e 5) A 'Era da Informação' está sendo mais do que uma mudança social. Ela é uma mudança na condição humana. Acrescento ainda que, lendo hoje uma notícia provinda da BBC tive a sensação grande de que era ‘notícia requentada’, pois já a teria lido há pouco tempo. Dizia ela “A Panda Security e o Exército brasileiro anunciam um acordo para o desenvolvimento de rápidas respostas táticas e estratégicas contra as ameaças cibernéticas à segurança do Exército, com o uso da plataforma de segurança corporativa da companhia” - http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI4681582-EI12884,00-Exercito+e+Panda+Security+fazem+parceria+contra+o+cibercrime.html-, consultei então o meu ‘fup’ e percebi que na realidade havia lido uma notícia parecida no dia 04 de junho próximo passado, de origem da própria BBC que informava “O potencial para sabotagem e destruição é "algo que precisamos tratar com muita seriedade", disse o general Keith Alexander em seus primeiros comentários públicos desde que o novo Comando Cibernético dos EUA foi ativado em 21 de maio. "Enfrentamos uma perigosa combinação de vulnerabilidades conhecidas e desconhecidas, fortes capacidades do adversário e uma baixa situação de alerta", afirmou o militar em audiência no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington” - http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI4471686-EI12884,00-EUA+enfrentam+risco+de+cibersabotagem+diz+general+do+exercito.html. Coincidência, em plena Era da Informação? Desde a ‘resenha’ do livro presenteado tenho certeza que não! -- Outros links citados: Palavras, Todas Palavras - (http://palavrastodaspalavras.wordpress.com/2009/09/22/fernando-henrique-cardoso-ex-presidente-do-brasil-foi-colaborador-agente-da-cia-central-de-inteligencia-americana-usa-afirma-frances-stonor-saunders-londres-movimento-verdade-sao-paulo/) Era da Informação - Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_da_Informa%C3%A7%C3%A3o -- Joseph Shafan
Enviado por Joseph Shafan em 16/09/2010
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