Desvio cognitivo: contrariando a noética
Definições da noética incluem a de Marc Halévy em que é essencialmente ciência do conhecimento: além dos valores da epistemologia, dos mecanismos mentais e neurobiológicos descritos pelas ciências cognitivas, 'mas de maneira muito mais ampla o estudo do conhecer, da sua produção (criatividade), formulação (semiologia e metalinguagem), estruturação (teoria dos sistemas, paradigmas e ideologias), validação (critérios de pertinência) e proliferação de idéias (processos de apropriação e normalização)'. De acordo com as Teorias da Aprendizagem, conforme as estruturas existentes o conhecimento é construído desde a interação do sujeito com seu meio e, assim, para adquirir conhecimento o sujeito depende de suas estruturas cognitivas e de sua relação com o objeto de conhecimento. A partir disso, ultrapassar estágios de conhecimento, após consolidação de estruturas do pensamento, requer revisão de conceitos para que outros conceitos se alinhem em novo conhecimento num mecanismo de reequilíbrio (equilibração das estruturas mentais). Diz-se, desse modo, que ocorre aproveitamento da inteligência dado que negar a aprendizagem é obliterar o potencial inteligente impedindo-o de transformar conhecimento potencial em conhecimento real e sucessivos potenciais e realizáveis. Em outras palavras, é contra-sentido da dinâmica evolutiva inerente ao ser humano. Como se sabe, o bloqueio de movimentos do processo de equilibração 'impede a permanente reconstrução a partir de quatro níveis (organismo, corpo, inteligência e desejo)", perdendo-se 'a possibilidade de ir transformando-se e poder de transformar', implicando 'jogar fora a simbolização que permite ressignifcar' sendo que 'a ressignificação possibilita que a modalidade possa ir se modificando' e, conforme Alicia Fernández, "o desestabelecer do processo de ressignificação interno à própria modalidade de aprendizagem" resulta em que "esta modalidade fica enrijecida, impedindo ou dificultando a aprendizagem de determinados aspectos da realidade". O espantoso, em pleno século XXI, é o borbotar da cristalização de processos do conhecimento pelo contra-senso de desfavorecer-se entre tanto material de informação e meios disponíveis e encontráveis, numa paralisia artificial de 'bússola e navegação' das próprias estruturas mentais ou, em outras palavras, bloqueio da captação dos sentidos como resultado de embotamentos e desconcórdias com o próprio da natureza humana que é a incessante busca de conhecer e conhecer-se. Joseph Shafan
Enviado por Joseph Shafan em 29/09/2010
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