PORRE
Segui nessa noite de táxi para bar antigo
sento-me junto ao que me espera, velho amigo que abraça com carinho no seu conhecido calor me olha, não pergunta, sabe dos meus olhos a dor Vem a moça-sorriso que serve, de nós se aproxima ela me vê e seu olhar se entristece no clima ao pedido de cerveja não sorri como sempre diz "mundo injusto" e toca meu ombro levemente O alemão dono do bar meneia a cabeça afirmando no modo que notou a minha presença na falta do meu sorriso, nota minha tristeza respeitando, não se aproxima da minha mesa O amigo me conhece bem, apenas faz companhia comunga comigo bebida sorvida, amiga fria me considera e não disfarça a dor com piada e me acompanha, não procura dissimular nada Usamos expressões curtas, que fazem o diálogo a perícia mostra meu desejo: ficar de fogo pausas, mais pausas, para goles e mais goles juntas, cada dupla de doses promove várias proles Penso triste, enquanto garrafas e copos vão e vêm no intenso, não dispenso, quero indispensável bem respondo sim, claro, quero, espero, que vai melhorar a cada fala, o amigo sincero no compartilhar Embriagado, mas menos que a paixão sentida cambaleante, mas menos que a saudade vivida atordoado, mas menos que pelo desprezo jogado no apoio amigo ao ex-lar sou levado Fui desmaiar no sofá e adormecer sozinho sonhar com ela pelos menos sussurrando um carinho mas acordei na realidade da ausência e nesta ressaca que me envolveu sem clemência. ________ (Copyright © 2005 A.José C.Coelho. Todos os direitos reservados.)
Joseph Shafan
Enviado por Joseph Shafan em 21/12/2005
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